A noite estava silenciosa, envolta por uma brisa morna que parecia sussurrar segredos. Caminhei pelos corredores da casa, tentando não fazer barulho enquanto passava pelo quarto da minha mãe. Ela estava jogada na cama, com a cabeça inclinada para o lado, os cabelos bagunçados, e o livro de capa desgastada ainda entre os dedos. A luz amarelada da cabeceira projetava sombras suaves no papel, enquanto seu ronco baixo preenchia o silêncio.
Certifiquei-me de que estava dormindo profundamente antes de sair pela porta dos fundos. O som das dobradiças foi abafado pelo cuidado extremo com que a fechei. O frescor da noite me envolveu enquanto atravessava as ruas desertas. O caminho até a rodovia era escuro, mas familiar. A adrenalina pulsava em minhas veias. Eu sabia que não deveria estar ali, mas a ansiedade de vê-lo me impulsionava.
Alberto, meu pai, estava “exilado” em um motel nos limites da cidade desde que minha mãe o expulsou de casa após uma briga feia. As paredes de nossa casa carregavam ecos de discussões, e, por vezes, eu me via no meio delas. Apesar disso, sempre fui próximo dele, o que minha mãe nunca conseguiu aceitar plenamente. Sua desconfiança e ciúmes eram uma constante em nossas vidas.
Uma visita
Quando cheguei ao motel, pude ver a placa de néon piscando “Aberto”, lançando um brilho rosa vibrante na calçada. O prédio tinha uma aura decadente, como se tivesse parado no tempo, remetendo aos anos cinquenta. O cheiro de mofo misturado com produtos de limpeza industrial inundou minhas narinas quando passei pela recepção.
Papai abriu a porta de seu quarto após a terceira batida. Ele vestia uma calça de moletom cinza que pendia levemente em seus quadris, os cabelos desalinhados e o olhar de surpresa estampado no rosto. Assim que me reconheceu, o sorriso largo que tanto conhecia iluminou suas feições cansadas.
— Meu garoto! — ele exclamou, me envolvendo em um abraço apertado. Seus braços eram fortes, e seu cheiro misturava sabonete barato e algo profundamente familiar, quase reconfortante.
Entramos no quarto, que era pequeno e mal iluminado. As paredes eram revestidas com um papel de parede floral desbotado, e o carpete marrom tinha manchas cuja origem eu preferia não questionar. Uma televisão de tubo repousava sobre um suporte de madeira, enquanto a cama ocupava quase todo o espaço restante.
Papai se jogou em uma cadeira rangente e fez sinal para que eu me sentasse na cama.
— Não me diga que saiu escondido para vir aqui? — ele perguntou, o tom carregado de reprovação, mas com um brilho de diversão nos olhos.
— Saí… — confessei, sentindo as bochechas esquentarem.
Ele soltou um suspiro seguido de um estalo com a língua.
— Se ela descobrir…
Um olhar diferente
A conversa ganhou uma tensão silenciosa, enquanto nossos olhares se encontraram. Não havia palavras para descrever o turbilhão de emoções que nos cercavam. Ele se aproximou lentamente, sentando-se ao meu lado na cama. Seus dedos tocaram meu rosto com delicadeza, como se estivessem redescobrindo algo precioso. Minha respiração ficou mais pesada, e um arrepio percorreu minha espinha. A proximidade era intoxicante, um desejo reprimido por tanto tempo finalmente à flor da pele.
O quarto parecia mergulhado em uma luz amarelada, o abajur desgastado no canto iluminava mais sombras do que o ambiente em si. Papai se inclinou na cadeira, os braços musculosos descansando sobre os joelhos, enquanto me observava com uma mistura de reprovação e carinho. Ele balançou a cabeça, soltando um suspiro profundo antes de falar novamente.
— Ela não vai descobrir. Hoje ela trabalhou dobrado, como sempre faz às sextas. Aposto que só vai levantar da cama amanhã ao meio-dia. — Minha voz saiu com confiança, embora meu coração ainda estivesse acelerado.
Jack Daniels
Papai inclinou-se para trás, deixando o corpo relaxar no encosto. Ele estendeu o braço para alcançar uma garrafa quase cheia de Jack Daniels que descansava na mesinha ao lado. Com o movimento fluido de alguém acostumado a esse ritual, ele despejou o líquido âmbar em um copo de plástico desgastado.
— Como você sabia onde eu estava? — perguntou, com um sorriso que parecia tanto curioso quanto divertido.
— Eu a ouvi conversando com a tia Marta. — Ele ergueu as sobrancelhas, como se não tivesse certeza se devia acreditar em mim.
Papai virou o copo em um único gole, seus olhos azuis cintilando por um momento enquanto o álcool descia queimando.
— Bom, estou feliz em te ver, garoto. Mas, honestamente, não deveria ter vindo assim. — Apesar da censura em suas palavras, havia um brilho de alívio em seu olhar.
— Faz quase uma semana, pai. Não consegui ficar longe. Mas… o que realmente aconteceu? Você… traiu a mamãe?
A pergunta pairou no ar como uma nuvem densa. Ele largou o copo sobre a mesa, o barulho ressoando no silêncio. Seu olhar ficou mais sério, e ele respirou fundo antes de responder.
— Filho… eu nunca traí sua mãe. Nunca faria isso. — Sua voz tinha uma firmeza que parecia inabalável, mas havia algo mais, uma sombra que não conseguia esconder. — Mas eu sou um homem de sangue quente. Você sabe disso. Eu gosto de mulheres, e elas gostam de mim.
O motivo
Ele soltou um meio sorriso, como se a confissão fosse uma piada interna. Meu pai sempre foi atraente; seus anos trabalhando como engenheiro na construção civil lhe deram ombros largos e braços fortes, enquanto seu rosto carregava a beleza rude de quem vive ao sol. Ele não precisava de esforço para atrair olhares, e minha mãe sabia disso.
Papai se serviu de mais uma dose antes de continuar:
— Havia uma mulher para quem eu estava fazendo um trabalho. Por acaso, ela conhecia sua mãe desde os tempos de escola. E… começamos a flertar um pouco. Foi um erro, eu sei. Essa mulher sempre teve uma queda pela sua mãe, e, por vingança, decidiu ligar para ela e contar uma história completamente distorcida. — Ele balançou a cabeça, rindo amargamente. — Você sabe como sua mãe é. Quando ela cisma com algo, é impossível mudar de ideia.
Eu o observei em silêncio, tentando absorver as palavras. Apesar de tudo, senti uma pontada de raiva pela injustiça que ele parecia estar enfrentando.
— Mas ela nunca te expulsou antes… Não é justo, pai. Eu odeio não ter você por perto.
Minha voz falhou no final da frase, e senti as lágrimas quentes escorrerem pelo rosto. Antes que pudesse escondê-las, ele estendeu a mão e tocou meu ombro, apertando-o levemente.
— Imagino que ela esteja no seu pé, e isso não é culpa sua. Mas não se preocupe, garoto. Isso vai passar. Ela vai perceber que errou.
Ele tentou sorrir, mas a expressão em seu rosto dizia outra coisa. Pegando novamente a garrafa, ele se levantou e perguntou:
— Quer uma bebida?
Aceitei
Fiquei surpreso com a pergunta, mas a tensão no ar e seu olhar quase conspiratório me fizeram dar de ombros em resposta.
— Bom garoto. — Ele riu, pegando um copo extra no armário improvisado. Despejou o líquido dourado em ambos, servindo-me pela metade. — Isso vai te fazer crescer alguns pelos no peito.
Com um olhar desafiador, bebi o líquido em dois goles. A queimação descendo pela garganta foi imediata, mas o calor que se espalhou pelo meu corpo não era desagradável.
Depois de alguns instantes em silêncio, ele sentou ao meu lado novamente, sua mão pousando no meu joelho. O toque era firme, mas quase casual, e meu corpo reagiu antes que eu pudesse controlar. Sua respiração era pesada, e eu podia sentir o calor do álcool em seu hálito. O momento parecia carregado de algo proibido e irresistível.
O clima no quarto parecia ficar mais relaxado conforme o Jack Daniels ia descendo. O calor do álcool subia aos poucos, preenchendo os espaços entre nossas palavras. João se recostou na cadeira com um suspiro satisfeito, o copo ainda em mãos, enquanto seus olhos se fixavam nos meus.
— Então fale comigo, filho. O que há de novo com você?
Hesitei por um momento, pensando em como resumir as últimas semanas. Não havia muito a dizer.
— Não muito. A faculdade é uma droga.
Juliana
Papai riu baixo, um som que parecia carregado de experiência. Ele balançou a cabeça, como se entendesse perfeitamente o que eu queria dizer.
— E Juliana? Como ela está?
— Sim, Juliana. Ela está bem, eu acho. Na verdade, ela me lembra um pouco a mamãe… sempre cheia de ciúmes quando falo com outras garotas.
João arqueou uma sobrancelha, como se aquilo fosse a coisa mais previsível do mundo.
— Isso é mulher. — Ele se inclinou para frente com a garrafa, e eu estendi o copo quase vazio. Ele o encheu até a borda, o líquido dourado brilhando sob a luz fraca. — Mas, sendo honesto, não acho que muitos caras se importariam com elas se não fosse por uma coisinha especial.
Eu ri, mas não consegui evitar a dúvida que surgiu na minha mente.
— Bem… então não sei por que me importo com Juliana.
Papai me lançou um olhar curioso, o copo parando a meio caminho de seus lábios.
— Você quer dizer que ela ainda não transou com você?
Corei imediatamente, mas resolvi ser honesto.
— Ah, ela já fez. Só que não comigo. Ela disse que quer esperar até o noivado. Mas eu sei que na faculdade… ela já deu pro Alex.
Papai deixou o copo sobre a mesa com um baque leve, os olhos semicerrados enquanto processava minhas palavras.
— Então você está 0 por 0?
— Sim, tecnicamente. Quer dizer… fizemos quase todo o resto, tipo, ela se amarra em chupar o meu pau, mas nunca passa disso. Tipo, ela fala que tem receio do tamano e tal. Falei desconcertadamente…
Papai soltou uma gargalhada curta e inclinou-se novamente na cadeira.
Uma gargalhada sincera
— Bem, isso não é de todo ruim. Mas deixa eu te contar uma coisa, garoto… não há nada no mundo que se compare a deslizar o pau em uma buceta apertada e molhada. E pelo visto sei que você tem uma bela de uma rola igual o pai. Risos ecoaram no quarto.
Suas palavras cruas me atingiram de forma inesperada. Havia algo no tom direto que me deixou desconfortavelmente consciente da tensão crescente no quarto. Ele me olhava, avaliando minha reação, enquanto um sorriso ligeiramente provocativo curvava seus lábios.
— Aposto que sim. Não deve ser igual a… ser chupado. — Tentei aliviar o peso da conversa com uma risada nervosa, mas ele não deixou escapar a oportunidade de provocar.
— Ser chupado é tudo o que você está fazendo, não é?
— Ha, ha. Pode rir. Talvez eu esteja esperando o momento certo.
O que não fiz
— Ah, você acertou em cheio. — Ele balançou a cabeça, como se estivesse relembrando algo de seu próprio passado. — Mas confie em mim, nada substitui a sensação real.
Papai se inclinou novamente com a garrafa, e eu esvaziei meu copo antes de entregá-lo. Mais uma vez, ele o encheu, e o calor do álcool se espalhou por mim quase imediatamente.
— Acredite, já tive bastante tempo para fantasiar sobre o que não fiz. — Suas palavras foram acompanhadas por um olhar distante, como se estivesse preso a memórias que não queria compartilhar completamente.
Ele passou a mão pelo próprio joelho, os dedos deslizando preguiçosamente, e o quarto ficou estranhamente quieto. O som da respiração pesada de ambos preencheu o espaço, e a tensão se tornou quase palpável. Ele finalmente quebrou o silêncio, mas sua voz estava mais baixa, quase rouca.
A garrafa de Jack Daniels já estava pela metade quando a conversa começou a tomar um rumo mais inesperado. João recostou-se novamente na cadeira, os músculos relaxados sob a luz suave do abajur. A atmosfera no quarto era uma mistura de álcool, confidências e uma intimidade desconfortável que parecia crescer com cada palavra dita.
— A mamãe gosta de foder, papai? — Perguntei, sem pensar muito. O álcool me deixava mais direto, talvez até ousado demais.
Ele me olhou com uma expressão que misturava surpresa e diversão.
— Filho, sua mãe é a melhor que já tive. Se não fosse, eu nunca teria aguentado as merdas dela por tanto tempo. — Sua risada ressoou, e por um momento, quase parecia que ele estava rindo de si mesmo.
Fiquei em silêncio, pensando no que ele acabara de dizer.
Uma boa pergunta
— Então por que as mulheres são tão estranhas com isso? Quer dizer, se é bom, por que elas não querem fazer o tempo todo, como nós?
Papai ficou pensativo, girando o copo em suas mãos. O silêncio foi preenchido pelo som do líquido batendo contra as bordas.
— É uma boa pergunta. — Ele finalmente quebrou o silêncio. — Conheci algumas mulheres que gostaram tanto quanto qualquer homem. Mas, para muitas, acho que tem a ver com o fato de que elas… bem, são elas que estão sendo invadidas, entende? Há mais em jogo quando você está recebendo.
Ele fez uma pausa, escolhendo cuidadosamente as palavras.
— Filhos, doenças, coisas assim. Para elas, confiar em alguém a ponto de deixar que entrem… é um grande passo.
Eu considerei aquilo por um momento, tentando entender o que ele queria dizer. Suas palavras tinham um peso que ia além do que eu esperava ouvir.
— A coisa louca é… e não acredito que estou te contando isso… — Ele riu, e havia algo quase conspiratório em seu sorriso. — Sempre estive morrendo de vontade de saber como é estar do outro lado das coisas, por assim dizer.
Sua confissão me pegou desprevenido. Seus olhos brilhavam com uma mistura de malícia e sinceridade que parecia quase hipnotizante. Ele inclinou-se para frente, o sorriso ainda nos lábios, enquanto eu sentia o peso da curiosidade que ele acabara de compartilhar. Meu coração acelerou, o ar no quarto parecia mais denso, e um calor estranho subiu pelo meu pescoço.
A garrafa de Jack Daniels agora parecia uma velha companheira de conversa, testemunha silenciosa das confissões que escapavam no pequeno quarto. O calor do álcool já era evidente nos gestos mais soltos de papai e na maneira como as palavras saíam sem filtro.
Júlio
— Bem… você conhece o Júlio, né? — mencionei de repente, sentindo a cabeça leve e a língua mais solta do que deveria. Ppai arqueou uma sobrancelha, interessado. — Ele é meu amigo da escola. Júlio é gay, não assumido pra geral, mas, outro dia, estava nos contando como gosta de… sabe, levar no cuzinho. Ele disse que parece até melhor do que foder.
A risada de Papai preencheu o quarto, um som rouco e carregado de incredulidade. Ele balançou a cabeça como se não tivesse certeza de como responder a isso.
— Júlio tá vivendo a vida dele, pelo visto. — Ele riu novamente, mas depois ficou pensativo. — Pra ser honesto, já meti um dedão ou dois no meu próprio buraco.
Meu olhar encontrou o dele, surpreso pela sinceridade.
— Foi bom. Quero dizer, se você cutuca, é outra emoção, algo que… não dá pra ignorar. — Ele deu de ombros, como se aquilo fosse o comentário mais casual do mundo.
Papai pegou a garrafa novamente e despejou o que restava nos copos. O som do líquido caindo parecia mais alto do que o normal naquele silêncio.
— E vou te dizer uma coisa, garoto. A vida é muito curta pra eu me negar qualquer coisa a partir de agora. Principalmente se é assim que sua mãe vai me tratar toda vez que eu passar um pouco dos limites.
Ele respirou fundo, como se estivesse tentando expulsar algo que o sufocava por dentro.
— Desculpa, filho. Acho que só tô deixando escapar a frustração. — Sua voz saiu pesada, mas havia um tom genuíno de arrependimento.
— Tá tudo bem, pai. — Respondi, tentando soar mais firme do que me sentia. Observei enquanto ele nos servia mais uma rodada.
Foi quando percebi. A garrafa estava praticamente vazia. Meu pai estava bêbado. E, pior ainda, eu também.
Esvaziamos a garrafa
O álcool fazia o quarto parecer menor, como se estivéssemos presos em um espaço onde tudo o que não podia ser dito antes agora escapava sem controle. Seus olhos estavam fixos nos meus, carregados de algo que eu não conseguia identificar completamente. A tensão entre nós parecia densa, quase palpável, enquanto o silêncio durava mais do que deveria.
O silêncio no quarto era interrompido apenas pelo som do gelo no copo e pela respiração pesada que o álcool parecia intensificar. O calor morno que vinha do velho aquecedor misturava-se ao ardor que subia pelo meu corpo, cortesia do Jack Daniels. Papai estava inclinado na cadeira, com o copo equilibrado na mão. Seus movimentos eram despreocupados, mas seus olhos, ainda fixos em mim, tinham uma intensidade que parecia me avaliar.
Minha mente vagava. Talvez fosse o efeito do álcool, ou talvez fosse o peso de todas as coisas que não dissemos durante anos. Não sabia ao certo, mas quando percebi, as palavras já estavam saindo da minha boca.
De 0 a 10
— Ei, pai… — comecei, um pouco mais hesitante do que pretendia. Ele ergueu uma sobrancelha, como se já esperasse algo inesperado vindo de mim. — Em uma escala de um a dez… o quão excitado você está agora?
Papai inclinou a cabeça para o lado, o sorriso ligeiramente malicioso brincando em seus lábios. Seus olhos brilharam com algo que não consegui identificar, mas ele parecia mais curioso do que incomodado.
— Por que isso, filho?
A pergunta pairou no ar, como uma provocação. Eu hesitei, as palavras presas na garganta, enquanto sentia o ambiente ao nosso redor parecer ainda mais pequeno, como se as paredes estivessem se aproximando.
— Isso vai parecer maluco… — Admiti, minha voz saindo mais baixa, quase um sussurro.
Papai se inclinou para frente, apoiando os cotovelos nos joelhos, o copo descansando em suas mãos. Ele parecia confortável demais, enquanto eu sentia cada nervo do meu corpo tenso.
Vá em frente
— Vá em frente. — Sua voz saiu calma, quase encorajadora, mas havia um peso naquelas palavras que eu não sabia como lidar.
O silêncio que se seguiu foi denso, preenchido apenas pelo som distante de carros passando na rodovia. Minha mente tentava organizar pensamentos que já estavam embaralhados desde o momento em que abri a boca.
O silêncio entre nós era quebrado apenas pelo som do aquecedor chiando no canto do quarto. Papai me olhou com aquele sorriso que carregava um toque de provocação, misturado com algo mais profundo que eu não conseguia identificar. O álcool parecia ter dissolvido qualquer barreira que normalmente existiria, e cada palavra dita carregava um peso maior do que deveria.
— Por que isso? — Ele perguntou, inclinando-se levemente para frente, os olhos fixos em mim como se estivesse tentando ler meus pensamentos.
Engoli em seco, desviando o olhar por um momento antes de voltar a encará-lo.
Nervosismo
— Isso vai parecer maluco… — Admiti, minha voz saindo mais baixa do que eu pretendia.
Ele fez um gesto com a mão, encorajando-me.
— Vá em frente, filho.
Aquelas palavras soaram como um desafio, e a ideia que pairava em minha mente parecia menos absurda do que deveria. Respirei fundo antes de continuar.
— Nada. Só estava pensando… nossos problemas são parecidos, de certa forma.
Papai inclinou a cabeça, o olhar curioso e atento.
— Eu sei no que você está chegando. Pelo menos acho que sei. — Seu tom era calmo, mas havia algo de eletrizante no ar entre nós.
— Parece que somos só nós aqui. — Minha voz era quase um sussurro. — Ninguém jamais teria que saber.
Por um momento, ele ficou em silêncio, os olhos presos nos meus. Então, finalmente, falou.
— Não. — Ele balançou a cabeça levemente. — Não, ninguém teria.
Seu olhar encontrou o meu novamente, e um sorriso lento se espalhou em seu rosto, tão contagiante que me fez sorrir de volta, mesmo sem saber exatamente por quê.
Silêncio
Meu coração começou a acelerar, e uma tensão estranha tomou conta do ambiente. O silêncio parecia mais alto, e meu corpo reagiu de forma que não pude controlar. Não era algo planejado, mas o que eu sentia era inegável. Meu rosto esquentou, e desviei o olhar, tentando esconder o constrangimento.
— Diga. — A voz dele era firme, quase autoritária, mas com um tom que parecia me puxar para algo inevitável.
— Não posso. — Respondi, tentando controlar a respiração que parecia fora de ritmo.
Ele se recostou na cadeira, ainda me observando, e inclinou a cabeça, como se esperasse que eu fosse dizer algo mais.
— Estamos falando de você conseguir sua primeira vez e eu tentar algo novo. Estou no caminho certo?
Hesitei antes de responder, mas a palavra saiu quase como um reflexo:
— Sim.
Papai se levantou, sua figura imponente fazendo o pequeno quarto parecer ainda menor.
— Levante filho da puta, você tá afim de comer o rabo do seu pai é isso? — Sua voz era baixa,um tom brincalhão, mas carregava um peso que era impossível de ignorar e de que era aquilo que ele queria. Sentir o sabor da minha pica que já dava sinais de tes]ao.
— Mas estou de pau duro… — Admiti, sentindo o nervosismo tomar conta. A porra do meu pau já estava a ponto de bala e não tinha como disfarçar mais.
Ele deu de ombros, como se aquilo não fosse nada.
Bom galera, esse conto ficou muito extenso e por isso eu vou deixar o desfecho para outra parte se vocês desejarem saber como terminou deixa nos comentários. Abraços.